terça-feira, 3 de agosto de 2010

Marcus Tavares: Os jovens e a política

Falta à geração Google aquele sentimento de querer mudar, de modificar as coisas


O Tribunal Superior Eleitoral divulgou que o número de eleitores entre 16 e 18 anos diminuiu pela primeira vez em eleições gerais desde o pleito de 1998. Neste ano, 2.391 milhões de jovens com voto facultativo estão registrados, contra 2,566 milhões cadastrados na última eleição presidencial. Trata-se de uma queda de 6,81%. Talvez, a redução seja pouco expressiva, mas é, no mínimo, curiosa.

Vivemos num mundo em que jovens — como crianças e adultos — têm, supostamente, cada vez mais direitos, conquistados, pelo menos no papel, ao longo do século XX. Além disso, vivemos num cenário marcado pela web 2.0, pela construção colaborativa da informação e do conhecimento e pela avalanche das redes sociais, nas quais todos fazem e querem valer suas opiniões, desejos e sentimentos. Se assim se configura o cenário atual, por que os jovens parecem estar desinteressados da escolha de seu governante?

Sim, o descrédito na política e nos políticos é uma justificativa e tanto. Não só para os jovens, eleitores facultativos, como também para adultos que são obrigados a votar e muitas vezes sem nenhum estímulo. Acho que está aí a resposta. Quem sabe somos nós, adultos, que os desencorajamos, alimentando única e exclusivamente os seus sonhos e desejos individuais e não coletivos, levando-os a não crer na política.

Isso é muito sério. Os jovens - multitarefa - poderiam estar usando toda a criatividade e energia, conjugada à cultura digital, para promover mudanças, mobilizações e reflexões sobre a política. Falta à geração Google aquele sentimento de querer mudar, de modificar as coisas, de construir um país melhor. Talvez, os jovens precisem apenas de um incentivo... dos adultos. Ah, sim: de adultos responsáveis, coerentes e consequentes.

Jornalista e professor
O Dia

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