A aliança entre a ex-ministra Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), representou uma derrota política para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na avaliação de especialistas consultados pelo R7. A união de dois potenciais candidatos à Presidência da República, visando às eleições de 2014, aumentou a força de uma oposição mais consistente contra a presidente Dilma Rousseff.
Na opinião do cientista político Marco Antônio Teixeira, professor do Departamento de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Aécio Neves “foi o primeiro a perder” tão logo a aliança foi anunciada, em entrevista coletiva realizada em Brasília neste sábado (5). Contudo, a viabilidade para reunir a oposição em torno da chapa ainda será posta à prova.
— Para essa candidatura Marina-Eduardo Campos ou Eduardo Campos-Marina, eles têm que derrotar o Aécio antes de mais nada, pela posição ao segundo turno. Obviamente, em um eventual embate com a Dilma, esse setor liderado pelos dois não vai conseguir atrair essa oposição toda para si, justamente por ela (oposição) não ser vice e ser um pouco intransigente.
Esse ponto de vista é endossado pelo cientista político David Fleischer, professor emérito da UnB (Universidade de Brasília). Em sua visão, o fato do nome de Aécio ainda não ter obtido grande aprovação pelos opositores à gestão petista no Palácio do Planalto o deixou estacionado nas pesquisas, o que tornou a decisão de Marina ainda mais clara, diante das opções que ela possuía após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitar o registro da Rede Sustentabilidade.
— Acho que ela acertou porque o PEN (Partido Ecológico Nacional) é um partido muito pequeno, embora tenha ecologia no nome, enquanto o PSB é um partido bem estabelecido, (de tamanho) médio, que tem governador e muitos prefeitos. É um partido com lastro no Brasil. Vai ser uma dupla interessante, pode até chegar ao segundo turno contra a Dilma (Rousseff). Eu não vejo como o Aécio Neves vai decolar (nas pesquisas) agora. Ele está muito estacionado.
O papel de Marina na chapa de Eduardo Campos à Presidência ainda não foi oficialmente apresentado, embora se especule que ela virá a ser a vice do atual governador de Pernambuco. O professor Marco Antônio Teixeira acredita que isso não pode ser tido como verdade absoluta ainda, pelo menos não até que as próximas pesquisas de intenção de voto apresentem um quadro de ganho substancial ao líder do PSB. Para o cientista político da FGV, o cenário político ainda permite mudanças.
— Se ela vier a ser vice, obviamente que terá um peso mais direto na campanha, mas é uma situação inédita: ela detém um capital eleitoral muito maior do que ele. O que tem definido no cenário é que existem dois candidatos dos quais só teremos um: ou ela ou Eduardo Campos e não mais os dois. O próximo passo é esperar os efeitos, porque as decisões serão tomadas daqui para frente fazendo-se uma leitura dos efeitos. Hoje é o efeito sobre a candidatura Eduardo Campos. Depois, se avaliarem que a candidata é a Marina, a gente tem que esperar novamente.
Fleischer concorda e vê a necessidade de um papel atuante de Marina para trazer para a chapa com o PSB a totalidade da sua base de apoio. A tarefa não será fácil, uma vez que o eleitor que a acompanha desde as eleições presidenciais de 2010 costuma apresentar um perfil mais crítico, que não apoiaria um candidato apenas por orientação de Marina.
— Acho que ela [Marina] terá que liderar a migração desses eleitores. Eles não vão migrar gratuitamente, então ela terá que ter um papel importante na pré-campanha e na campanha, a partir de abril, maio e junho.
Portal R7
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