Garotinho também lembra os encontros, mas faz piada: “Diria que nós estamos ainda naquela fase do amor que se chama contemplação.” E o que vem depois, deputado? “Não sei, vamos ver como vai ser.”
Garotinho roda o estado, mas organiza a militância na capital | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
É fato que a dupla está se empenhando para eleger Rodrigo e Clarissa. Maia, na rua, pede votos para si mesmo e para o filho, lembrando que a filha de Garotinho é a vice. O deputado do PR roda o estado para cuidar de outras candidaturas do partido, mas na capital encontra tempo para organizar a militância e pedir votos para a chapa-júnior. Mas ninguém duvida: essa ‘amizade’ tem prazo de validade e vai sumir assim que não for mais necessária para os dois lados.
Maia reconhece que Garotinho tem “forte apelo na área bem popular”, mas não aprova o fato de o aliado achar que a política deve vir “articulada com a religião”. “Ele faz política de uma outra maneira”, diz Maia, que se apresenta como um “político de ideias”. Garotinho concorda com a parte do “forte apelo popular”, se apresenta como “nacionalista do trabalhismo” e lembra que o ‘amigo’, como ele, também já passou pelo PDT de Leonel Brizola.
O pai de Rodrigo diz que é de “centro-centro” e que o pai de Clarissa “é de centro, mas acha que é de esquerda”. Garotinho diz que é de “centro-esquerda” e que Maia, enquanto foi prefeito, “representou um pouco da direita carioca”. Garotinho é o único que fala de uma certa “dificuldade de consolidar essa aliança nossa”.
Ex-prefeito abusa da sorte
Em 1997, o hoje advogado André Duarte, 36, passou um e-mail para Cesar Maia, comentando um artigo do então prefeito. Maia o chamou para conversar e, de 2003 a 2008, André foi seu subprefeito da Barra — mesmo cargo já ocupado por um certo Duda, apelido do prefeito Eduardo Paes, ex-pupilo e adversário de Maia.
Breno Arruda, 33, hoje é economista e também se aproximou do ex-prefeito por e-mail: em 1998, ele escreveu para o então candidato ao Palácio Guanabara se oferecendo para ajudar no programa de governo e acabou subprefeito do Centro, de 2001 a 2004.
Hoje, André e Breno cuidam da campanha virtual do candidato, que, pelo visto, não acredita que um raio caia duas vezes no mesmo lugar.
2014: o ano que chegou antes de 2013
Não será surpresa se Cesar Maia e Anthony Garotinho estiverem em lados opostos em 2014, concorrendo a governador. Hoje, o ex-prefeito já diz que o candidato natural do PMDB à sucessão de Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, “não existe”. Na sexta-feira, em Campo Grande, Maia abraçou uma eleitora e, depois de dizer que era candidato a vereador, cochichou, brincando: “E talvez a governador em 2014.”
Garotinho já roda o estado articulando alianças e fortalecendo o PR para uma eventual candidatura sua. No início do ano, Garotinho declarou: “Eu posso ser candidato a governador, né?”
Aliança lembra Guerra Fria de Stalin e Roosevelt
A Segunda Guerra (1939-1945) nem tinha acabado quando o presidente americano Franklin Roosevelt, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o líder soviético Josef Stalin já se reuniam para decidir que países ficariam sob seu controle. Nascia a Guerra Fria. Quando fala da aliança DEM-PR, Cesar Maia lembra a História: “Há um caso clássico que é Inglaterra, EUA e União Soviética contra a Alemanha.
No Rio, hoje, aliás, há rasgos de repressão que são tipicamente nazistas. Não sei se o Garotinho se considera o Stalin. Ficaria honrado em me considerar o Roosevelt.” Garotinho ajuda: “Me sinto o Churchill. Mas é covardia com a Alemanha comparar com o Paes. Ele é pior.”
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