terça-feira, 27 de outubro de 2009

Livro sobre Exu causa guerra santa em escola municipal de Macaé



Antes de mais nada, já passo a minha opinião: É por essas e outras que sou completamente contra às aulas de religião nas escolas.
Escola é para outra coisa, menos para ensinar preceitos religiosos. Cabe aos pais assumirem este papel, não o Estado. Na verdade, é nessas horas que a gente percebe que o Brasil não é um país laico, o Brasil tem um Estado laico, mas o país não é laico porque a sociedade não é laica.

Significado de Laico para quem não sabe:

Em que não há ingerência de alguma religião. As normas e as leis não possuem relação com algum tipo de culto religioso.

O Brasil é um Estado laico, não possui religião oficial.

Leiam a publicação extraída do Jornal O Dia:

As aulas de Literatura Brasileira sobre o livro ‘Lendas de Exu’, de Adilson Martins, se transformaram em batalha religiosa, travada dentro de uma escola pública. A professora Maria Cristina Marques, 48 anos, conta que foi proibida de dar aulas após usar a obra, recomendada pelo Ministério da Educação (MEC). Ela entrou com notícia-crime no Ministério Público, por se sentir vítima de intolerância religiosa. Maria é umbandista e a diretora da escola, evangélica.

A polêmica arde na Escola Municipal Pedro Adami, em Macaé, onde Maria Cristina dá aulas de Literatura Brasileira e Redação. A Secretaria de Educação de lá abriu sindicância e, como não houve acordo entre as partes, encaminhou o caso à Procuradoria-Geral de Macaé, que tem até sexta-feira para emitir parecer. Em nota, a secretaria informou que “a professora envolvida está em seu ambiente de trabalho, lecionando junto aos alunos de sua instituição”. A professora confirmou ontem que voltou a lecionar “Voltei, mas fui proibida até por mães de alunos, que são evangélicas, de dar aula sobre a África. Algumas disseram que estava usando a religião para fazer magia negra e comercializar os órgãos das crianças. Me acusaram de fazer apologia do diabo!”, contou Maria Cristina. Sacerdotisa de Umbanda, a professora se disse vítima de perseguição: “Há sete anos trabalho na escola e nunca passei por tanta humilhação. Até um provérbio bíblico foi colocado na sala de professores, me acusando de mentirosa”. Negro, pós-graduado em ensino da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, o diretor-adjunto Sebastião Carlos Menezes aguardará a conclusão da procuradoria para opinar. “Só posso lhe adiantar que a verdade vai prevalecer”, comentou. Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, Sebastião contou que a diretora Mery Lice da Silva Oliveira é evangélica da Igreja Batista. ATÉ CINCO ANOS DE PRISÃO “Se houver preconceito de religião, acredito que deva ser aplicado todo o rigor da lei”, afirmou o coordenador de Direitos Humanos do Ministério Público (MP), Marcos Kac. O crime de intolerância religiosa prevê reclusão de até 5 anos. Em caso de injúria, a pena varia de 3 meses a 2 anos de prisão. O MP poderá entrar com ação pública penal se comprovar a intolerância religiosa. “Caso contrário envia à delegacia para inquérito”, explicou Kac. Alunos do 7º ano leram a obra: referências ao folclore Em 180 páginas, o livro ‘Lendas de Exu’, da Editora Pallas, traz informações sobre uma das principais divindades da cultura afro-brasileira. O autor da obra, Adilson Martins, remete ao folclórico Saci Pererê para explicar as traquinagens e armações de Exu. Na introdução, Martins diz que ele é “um herói como tantos outros que você conhece”. Em Macaé, 35 alunos do 7º ano do Ensino Fundamental leram o livro. Nas religiões afro-brasileiras, Exu é o mensageiro entre o céu e a terra, com liberdade para circular nas duas esferas. Por isso, algumas pessoas acabam o relacionando a Lúcifer. O presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, garantiu que outros autores de livros, como Jorge Amado e Machado de Assis, sofrem discriminação nas escolas: “As ideias neopentecostais vêm crescendo muito, desrespeitando a lei”. Ivanir explicou que o avanço da discriminação religiosa provocou o agendamento de um encontro, dia 12 de novembro, com a CNBB: “Objetivo é formar uma mesa histórica sobre os cultos afro e estabelecer uma agenda comum”. VIVA VOZ Até mães de alunos me proibiram de falar sobre a África “Acusam-me de dar aula de religião. Não é verdade. No livro ‘Lendas de Exu’, de Adilson Martins, há histórias interessantes, são ótimas para trabalhar com os alunos. Li os contos, como se fosse uma contadora de histórias, dramatizando cada uma delas. Praticamos Gramática, e os alunos ilustraram as histórias de acordo com a imaginação deles. Não dá para entender por que fui tão humilhada. Até mães de alunos, evangélicas, me proibiram de falar sobre a África”. MARIA CRISTINA MARQUES, professora, 48 anos.


6 comentários:

Anônimo disse...

querida vc tem certeza que o flocore do exu vai realmente ajudar nossas crianças a serem alguem ,um futuro presidente,engenheiro,no que pode acrescentar,se pergunte fugindo da sua religião?acho que nossas crianças tem muito mais coisa pr aprenderem do que isso,no ESTADOS UNIDOS ELES NAO PERDEM TEMPO COM COISAS BANAIS COMO ESSA É POR ISSO QUE É UM PAIS DE PRIMEIRO MUNDO,OBRIGADA PELA OPORTUNIDADE.

Savio disse...

Livro sobre exu.Se fosse filho meu e faria o mesmo, tanta coisa boa para enseniar e ela vem com isso, daqui a pouco vão ser livro sobre homossexuais etc e etc....

L Werneck disse...

Sávio.... O que a sociedade deveria discutir mesmo é o fim dos temas religiosos nas escolas públicas, pois a escola, ao meu ver, não é lugar pra esse ou aquele preceito religioso se sobrepor aos dos outros ou de uma minoria, como no caso acontecido em Macaé. Isso seria o mais correto, somente estaríamos cumprindo a Lei que diz que somos um país laico. Basta de misturar estudo, formação do indivíduo, com fé, pois a sua fé tem que ser respeitada, mas fora da escola; seria mais ou menos como a questão do cigarro no recinto escolar: totalmente proibido; essa Lei foi feita para quem não fuma não ser influenciado pelo que fuma a fumar também.... sem falar nas outras coisas ruins que o cigarro provoca.
Já no caso da sexualidade, seria a mesma coisa, cada um na sua, e a escola não pode incentivar a sexualidade de nenhum indivíduo, seja a preferência dele qual for, somente temos que respeitar.

Cassandra disse...

A escola deve ensinar coisas boas.
Exu é coisa boa?NÃO.Não adianta tentar reverter valores.
Ensinar que homossexualismo é certo?Também não, deve se ensinar que homen se casa com mulher e mulher com homen.
Mais estamos no tempo da distorção, e por isso a cada dia o mundo fica pior.

Anônimo disse...

Nossa, quantos enganos, equívocos, preconceitos e ignorância!!!
A questão aqui não é religiosa, mas sim cultural...
Quando se trata de algo referente a cultura dos "brancos", não causa tamanha polêmica... O que se tenta incluir é a discussão sobre nossa herança cultural, e a cultura afro está em nossa raíz, em nosso sangue. Não sou negra de "cor de pele" mas nas minhas heranças genéticas estão lá... O que é o samba, o batuque, quitute,cuíca, garapa,quitanda,quindim,xodó,babá,fuzuê, biboca,gangorra,titica, quenga,cafuné ... e um vasto vocabulário da linguagem africana que torna nossa língua portuguesa mais rica!
Hoje já temos um vasto material de pesquisa que trata do tema...
O próprio professor Ivanir é um grande estudioso do assunto...
É triste ver que a escravidão ainda permeia pela sociedade em pleno século XXI!!!
Para sermos "álguém no futuro" temos que conhecer o nosso passado, compreender o nosso presente para rompermos com os grilhões que nos acorrenta e sermos, antes de tudo, seres humanos livres. Livres para fazermos nossas escolhas onde o preconceito seja superado.
A escola, enquanto espaço de formação do ser humano, não pode deixar de tocar nas questões que permeiam a vida humana. Não pode doutrinar, pois quem tem esse papel é a família e a igreja, mas não dá para estudar a história sem passar pelo papel que teve (e ainda tem) as igrejas nos devidos momento... Ninguém nunca ouviu falar na "santa inquisição" e suas consequências nefastas? E o sincretismo religioso, que era a forma que os escravos usavam para manter seus cultos, suas identidades...
Toda solidariedade à professora, que, com certeza, não teve a intenção de impor nenhum dogma, mas falar da cultura que para a maioria ainda é um tabu, para nao dizer..., bem, já disse.

Anônimo disse...

Desculpem-me, ...os grilhões que nos acorrentam... fica melhor, né?

Teste

Teste