Combinação entre remédios, ou destes com álcool e mesmo alguns alimentos, pode anular ou aumentar efeito das substâncias
Remédios de venda livre na farmácia, que prometem acabar com dores e mal-estar e nunca faltam no kit de primeiros socorros são inofensivos e não fazem mal algum, certo? Negativo. Misturas erradas entre medicamentos, alimentos, álcool e outras bebidas podem provocar intoxicações e até matar.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, medicamentos são os principais causadores de intoxicação no Brasil, representando 30% dos casos. Levantamento da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) revelou que os problemas são causados principalmente por drogas que não necessitam de receita médica para serem adquiridas. A farmacêutica do Hospital do Fundão Lisângela da Costa Lima afirma que alguns medicamentos tidos como ‘inocentes’ podem ser fatais. É o caso do paracetamol (Tylenol) que, em excesso, pode levar ao óbito por insuficiência hepática. Se misturado a bebidas alcoólicas, então, tem efeito devastador.
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De acordo com Ana Gabriela Barroso, técnica da Pro Teste, o uso errado de remédios a longo prazo traz sérias consequências à saúde. “As pessoas podem ter parada cardíaca, problemas nos rins. É muito comum, por exemplo, usar paracetamol para curar ressaca. Isso é uma bomba para o organismo, pois sobrecarrega o fígado. Outra dica é evitar frutas cítricas quando estiver tomando um remédio forte, como antibiótico, que afeta o estômago. O ideal é seguir orientação médica.”
Lisângela ressalta que nenhuma droga deve ser misturada ao álcool, principalmente as que atuam no sistema nervoso, como calmantes. Há outros segredos em relação aos remédios. O ácido mefenâmico (usado para diminuir cólica menstrual), por exemplo, não deve ser tomado de estômago vazio, pois pode não fazer efeito. “Ele precisa ser ingerido com um alimento, para permanecer um tempo no estômago e ser absorvido. O mesmo não acontece com o Captopril (para hipertensão). Esse só deve ser usado longe dos horários de refeição, para que não sofra influências dos alimentos”, diz a farmacêutica.
Também é preciso ter cuidado com chás, que associam diversas substâncias. Misturados com alguns medicamentos, podem sobrecarregar rim, fígado, estômago ou terem os efeitos potencializados. A longo prazo, podem causar problemas de saúde. “Quem usa medicamentos manipulados deve ter atenção. Não é recomendado que se misture mais de duas substâncias numa fórmula, porque se o paciente tiver reação, vai ser difícil saber o que causou”, explica.
É o caso de Myriam Esperança, 63 anos. Há três meses, ela teve um susto depois de tomar fórmula para tratar dor no joelho. “Era um remédio manipulado composto de ranitidina, cetoprofeno, ciclobenzaprina e hipericum. Eu já tomava Rivotril (calmante). No primeiro dia, comecei a sentir os olhos inchando, depois ficaram lacrimejando e vermelhos. Fui a outro médico, que me mandou suspender o remédio. Agora, quando sinto dor, tomo paracetamol, mas sob supervisão médica”, contou.
A farmacêutica do Hospital do Fundão ressalta que é dever do paciente informar ao médico os remédios que está tomando e é dever do médico fazer esse questionamento ao paciente durante a consulta. “Se a pessoa vai à farmácia comprar um medicamento de venda livre, como dipirona (Novalgina), deve procurar um farmacêutico que esclareça as dúvidas. Pela lei, toda farmácia deve ter um. O nome deve estar na porta da loja”, ensina.
Além disso, é preciso ter cuidado com a forma de ingerir o medicamento. O ideal é nunca partir cápsulas ao meio, pois elas são projetadas para passar pelo estômago e agir só no intestino. O Ph ácido da região estomacal pode levar à perda da eficácia. O mesmo acontece quando colocamos o comprimido embaixo da língua. Na dúvida, consulte um médico. E não deixe de ler a bula.
O Dia
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