Ontem realmente foi "quente" o dia na cidade de Campos. Numa operação que foi apelidada com o nome de "Alta Tensão"(muito apropriada por sinal), a Polícia Federal cumpriu 5 mandatos de busca e apreensão na casa do Vereador Marcos Bacellar do PT do B e em outras duas residências não divulgadas.
Segundo a Polícia Federal o objetivo era verificar se houve favorecimento do PT do B com o desvio de recursos da Campos Luz, já que o presidente da empresa, Sivaldo Abílio (que cumpre prisão temporária na Casa de Custódia) é o presidente do partido.
Leia a reportagem abaixo do Jornal Monitor Campista sobre o acontecido:
O vereador Marcos Bacellar (PT do B), reagiu à ação da Polícia Federal com denúncias contra diversas autoridades. Em entrevista coletiva ele disse que o delegado da 4ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (CRPI), Luiz Maurício Armond; o promotor de Justiça Leandro Manhães e o grupo político liderado pelo ex-governador Anthony Garotinho estariam por trás da ação. A entrevista foi concedida depois que policiais federais cumpriram um mandato de busca e apreensão na casa do vereador, de onde levaram R$ 20 mil, computadores e documentos.
Bacellar alega que houve uma tentativa de encontrar documentos que o relacionassem à Campos Luz, empresa que vem sendo investigada pelo Ministério Público Estadual e Polícia Civil, por suposto desvio de R$ 40 milhões na gestão de Sivaldo Abílio. “Na semana passada, eu denunciei essa quadrilha que vem agindo na prefeitura, comandada pelo delegado Luís Armond, que tem como patrão o Garotinho e Geraldo Pudim [deputado federal]”, diz o vereador. Disse também que já acusou Leandro Manhães e que o Ralph [Manhães] era o juiz de São João da Barra, quando houve acusações contra o promotor, mas sem especificar quais denúncias.
— Em Campos, tudo acontece e todo mundo fica com receio de falar e ninguém quer pegar uma confusão. Vocês acham que eu estou satisfeito em ter a Polícia Federal, na minha casa, hoje? Pra mim, não está dizendo nada. Eu vim ao mundo, justamente, para isso aí. Vim do movimento sindical e vou para o confronto – informou Bacellar, alegando que a ação é “fruto de perseguição política”, alegando que não vai recuar nem um centímetro.
Bacellar confirmou a amizade com Sivaldo, presidente do partido dele, mas considera que o amigo administrou mal a Campos Luz. “Acho que ele administrou muito mal a Campos Luz. Minha opinião é essa. Sabe quantas vezes Sivaldo reformou a delegacia de Campos? Duas vezes. Com dinheiro público, dinheiro do município e não era para ser feito isso. Quando que uma delegacia de polícia pode pedir isso a Campos Luz?”, entrega o vereador, que também é membro da CPI, que investiga irregularidades na Campos Luz.
Ele defendeu o amigo das acusações de desvio de R$ 40 milhões na empresa e alegou que, só este ano, a atual administração da Campos Luz já tem orçamento de R$ 24 milhões. “Então, é muito fácil dizer que Sivaldo roubou R$ 40 milhões da Campos Luz. “Pode até ter tido desvio de dinheiro, mas R$ 40 milhões hora nenhuma. O orçamento da Campos Luz era R$ 6 milhões, R$ 6 milhões foi emenda de vereador e R$ 28 milhões de suplementação. Este ano, R$ 5 milhões e a dotação da Campos Luz e a prefeita Rosinha já suplementou R$ 18,5 milhões para seis meses de trabalho. Então, Rosinha vai roubar também a Campos Luz?”, destaca.
Segundo Bacellar, Garotinho está chamando o PT do B para uma coligação nos âmbitos municipal e estadual. “Deixei bem claro para Vinícius [presidente do partido no Estado] que, se coligar, vão ter que me expulsar do partido. Eu sou oposição”, disse Marcos Bacellar. Ele disse que vai encaminhar denúncias para Brasília e Governo do Estado, através do Ministério Público do Rio de Janeiro, Secretaria de Segurança do Estado, Polícia Civil e Corregedoria do Ministério Público.
Em relação às denúncias contra o ex-governador e ao deputado Geraldo Pudim, o parlamentar respondeu, através de assessoria de imprensa. “Eu não tenho o que falar, quem está sendo acusado é ele. O Bacellar está se afogando e quer levar mais gente com ele”, disse Pudim.
PF investiga se recursos desviados da Campos Luz beneficiaram partido de Sivaldo
Depois de cumprido os cinco mandados de busca e apreensão, a Polícia Federal vai instaurar o inquérito para apuração das denúncias feitas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). O delegado federal que coordenou a operação ontem, Paulo César Cassiano Júnior, disse durante uma entrevista coletiva que, pelo que observou no processo, as denúncias seriam relativas a uma suspeita do MPE de que uma quantia em dinheiro da Campos Luz teria sido desviada para beneficiar o diretório do PTdoB, em Campos. No entanto, ele afirmou não saber detalhes, já que as investigações não foram iniciadas pela Polícia Federal.
— Se tivesse iniciado aqui, começaríamos com as investigações para culminar com o pedido de mandado de busca e apreensão. Mas, como foi uma representação do MPE, a ação foi inversa. Portanto, não tenho muito a detalhar antes de iniciadas as investigações — declarou, acrescentando que o delegado Renato Zaccher presidirá o inquérito policial requisitado pelo MPE.
Além da casa de Bacellar, o delegado contou que os mandados foram cumpridos na sede do PTdoB, no Sindicato dos Eletricitários e em duas residências, onde nada foi encontrado. “A sede do partido está desativada. Nem mobília encontramos lá”, afirmou, lembrando o material apreendido - sete CPU’s, dois notebooks e farta documentação – será analisado minuciosamente.
Quanto à atuação da PF, Cassiano explicou que é competência da autoridade policial, com função judiciária, atuar em casos de denúncias eleitorais. “Por isso fomos requisitados para cumprir os mandados”, frisou. Os mandados foram assinados por cinco promotores públicos eleitorais: Victor Santos Queiroz; José Luiz Pimentel; Anik Rebelo Assed; e Alessandra Neves Batista, além de Lenadro Manhães.
De acordo com o delegado, pelo menos três centenas de inquéritos eleitorais são investigadas na delegacia, que abrange 18 municípios da região. Desse montante, segundo ele, a maioria é apura irregularidades nos municípios de Cardoso Moreira e Italva.
Delegado pode processar vereador e Garotinho diz que não controla a Polícia
A “explosão” das denúncias feitas pelo vereador Bacellar foi comentada sem polêmica pelas autoridades mencionadas.
Segundo o juiz eleitoral Ralph Machado Manhães Júnior, que decretou os mandados, o pedido foi assinado por vários promotores de Justiça e não teve um caráter excepcional. Ele explicou que se trata de uma prática usual entre o MPE e a Justiça, não havendo qualquer julgamento da pessoa envolvida, no caso Bacellar.
— O pedido chegou com o objetivo de favorecer maiores colheitas de provas. Isso sempre acontece, mas a repercussão foi maior por se tratar de uma pessoa pública. Decretei os mandados como Direito Constitucional, o que coloca a Justiça fora de qualquer questão política. Aliás, isso poderia envolver outro partido político —, explica o juiz, destacando que desconhece qualquer denúncia contra um dos promotores que assinaram o pedido, o Leandro Manhães, que não foi encontrado para comentar as declarações de Bacellar.
Já o delegado Luís Armond, preferiu não se pronunciar sobre o fato antes de tomar o conhecimento legal das denúncias. Só depois disso, ele pretende tomar as medidas legais e formais quanto às declarações. “Não posso comentar nada sobre o que houve porque não sou político, portanto não posso vincular as denúncias a mim”, frisa.
Em seu Blog na Internet (blogdogarotinho.com.br), o ex-governador Garotinho se defendeu da denúncia de Bacellar de que estaria por trás da ação das autoridades:
“Quero esclarecer que não controlo nem o Judiciário, que é um poder independente, muito menos a polícia estadual, a quem ele também acusou e principalmente a Polícia Federal, que cumpriu os mandados. Suas declarações na verdade mostram que está desesperado, atirando pra todo o lado, procurando achar um culpado. Seria mais fácil olhar no espelho: iria logo descobrir quem é o culpado.”
Não disse que tinha sido "quente" o dia de ontem em Campos?
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