O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya disse que já fez os primeiros contatos para iniciar o diálogo com o governo golpista liderado por Roberto Micheletti. - Estamos fazendo a aproximação de forma direta. Quando tivermos uma proposta específica vamos divulgá-la -disse.
Zelaya conseguiu retornar em sigilo à capital de seu país, Tegucigalpa, onde buscou refúgio na Embaixada do Brasil. A informação, dada inicialmente pelo presidente venezuelano Hugo Chávez em entrevista à rede de TV Telesur, foi confirmada, em seguida, pela mulher de Zelaya, Xiomara Castro, por fontes do corpo diplomático brasileiro e pelo Departamento de Estado norte-americano, que pediu aos hondurenhos que “mantenham a calma, para evitar a violência”.
De início, milhares de simpatizantes do líder deposto se reuniram em frente ao escritório da ONU na cidade, onde informações preliminares indicavam que Zelaya havia se refugiado. Mas ao receberem a confirmação de que ele estava na Embaixada brasileira, a multidão se deslocou para os arredores do edifício.
– Zelaya teve uma excelente ideia ao se refugiar na Embaixada do Brasil – afirmou ao JB o coordenador de projetos para a América Latina do Instituto Cato, Juan Carlos Hidalgo. –A grande preocupação é que ele conta com simpatizantes dispostos a tudo. O próprio Zelaya já falou, do exílio, sobre o direito do povo à subversão diante de um golpe.
Hidalgo disse ainda que o Exército hondurenho expulsou Zelaya do país justamente por saber que não conseguiriam contê-lo em uma prisão hondurenha sem que seus partidários tentassem tirá-lo à força.
Falando a repórteres em Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, disse ter conversado diretamente com Zelaya por telefone e assegurou que o presidente deposto chegou ao prédio da embaixada “por meios próprios e pacíficos”.
Segundo Amorim, a volta dele a Honduras representa “um novo passo” nas negociações para encerrar a crise política do país que colocou o poder interinamente nas mãos do presidente do Congresso, Roberto Micheletti.
Em entrevista ao vivo, concedida ao canal de TV CNN em espanhol, Zelaya não quis dar detalhes sobre como conseguiu chegar a Honduras, mas disse que usou diversos tipos de transporte e que havia um esquema de segurança muito forte pelo caminho. Zelaya afirmou também que recebeu ajuda de diversos países e instituições, citando os EUA, a Venezuela, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Europa.
– O apoio foi internacional, quase por aclamação, de todos os países. Isso pode ajudar a estabelecer um mecanismo para a paz. Estou com o meu povo, pronto para ir adiante – acrescentou.
O governo interino de Honduras anunciou que estenderá o toque de recolher estabelecido depois do inesperado retorno ao país do presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya. O anúncio foi feito por meio de um comunicado lido em cadeia nacional.
JB online
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